Do moderno e do eterno
Beethoven, Quarteto de cordas opus 131
Quarteto Takacs (Decca)
A mãe de todos os quartetos...A influência decisiva sobre Bartok, Boulez e Boucourechliev..Uma música que parece vir de uma dimensão distante das categorias tradicionais de classicismo, romantismo e modernismo. Um quarteto com sete movimentos, sendo o corpo central um movimento de tema e variações de quase 15 minutos. Uma análise mais detalhada mostra o quanto Beethoven inovou. Na realidade, o opus 131 é quase um meta-quarteto. Ao invés de começar com um movimento em forma-sonata, que estabelece o tema principal do quarteto, como fizeram Mozart e Haydn antes dele (e tantos outros depois), Beethoven deixa este movimento para o final. E constrói uma estrutura na qual os temas convergem para o final. Ao invés de um final leve, rápido, como é de praxe em Haydn, Beethoven inverte nossas expectativas. Esta virada genial é um experimento vitorioso de Beethoven. Não é absurdo imaginar que, sem o desafio do quarteto 131, compositores contemporâneos como Luigi Nono e Henri Duttileux não teriam a mesma motivação para escrever excelentes quartetos.