Boulez: O mestre dos martelos
Pierre Boulez: Sur Incises (Ensemble Intercontemporain)
Controverso mas sempre inovador, Pierre Boulez é talvez a figura central da música contemporânea neste início de século. Em sua peça "Le Marteau sans Maitre" nos anos 50, Boulez rompeu com o serialismo e adota uma forma de composição radicalmente nova, onde busca resgatar a herança da polifonia vocal da Renascença. O resultado é incrivelmente agradavel. Não por acaso Boulez sofreu severas críticas de Luigi Nono que o acusou de usar um pensamento sofisticado para seduzir um público que, no entender de Nono, deveria ser desafiado com o canto da revolução.
"Sur Incises", obra de 1998, é uma das melhores expressões musicais do pensamento de Boulez. A obra utiliza três pianos, três harpas e três instrumentos de percurssão. Na prática, os três pianos desenham seis fluxos musicais distintos, que oscilam entre um ritmo alucinante e passagens de grande delicadeza. As harpas e as percussões completam as figuras ritmicas e as texturas da obra. Os tres pianos são usados como instrumentos percussivos, onde os martelattos nos pianos sao ecoados pelas harpas e percussoes.
O uso do piano como um instrumento de percussão tem muitos antecedentes. O mais notavel é Bartok, em sua "Sonata para Dois Pianos e Percussão". A comparacao da sonata de Bartok com Sur Incises mostra que o mesmo elã criativo (os arpeggios dos pianos em contraste às percussões) gera resultados bem diversos. Enquanto Bartok estabelece uma linha continua desde o começo da obra, onde o encadeamento dos eventos está a serviço de uma macroconcepção, Boulez parece se divertir em nos confundir. A cada instante, "Sur Incises" nos traz uma surpresa sonora. Um mesmo motivo motivo musical aparece e desaparece, sem outra lógica que não um encadeamento com a ação anterior.
"Un development intérieur dont le parcours n'est pas prévisible". Este ideal de Boulez é plenamente realizado em Sur Incises, onde o cada som decorre naturalmente do som no instante anterior e é ao mesmo tempo inesperado. "Sur Incises" é o coroamento de uma vida de um inventor radical e uma prova que é possível compor musica inovadora e sedutora ao mesmo tempo. Salut, maitre Boulez!
Controverso mas sempre inovador, Pierre Boulez é talvez a figura central da música contemporânea neste início de século. Em sua peça "Le Marteau sans Maitre" nos anos 50, Boulez rompeu com o serialismo e adota uma forma de composição radicalmente nova, onde busca resgatar a herança da polifonia vocal da Renascença. O resultado é incrivelmente agradavel. Não por acaso Boulez sofreu severas críticas de Luigi Nono que o acusou de usar um pensamento sofisticado para seduzir um público que, no entender de Nono, deveria ser desafiado com o canto da revolução.
"Sur Incises", obra de 1998, é uma das melhores expressões musicais do pensamento de Boulez. A obra utiliza três pianos, três harpas e três instrumentos de percurssão. Na prática, os três pianos desenham seis fluxos musicais distintos, que oscilam entre um ritmo alucinante e passagens de grande delicadeza. As harpas e as percussões completam as figuras ritmicas e as texturas da obra. Os tres pianos são usados como instrumentos percussivos, onde os martelattos nos pianos sao ecoados pelas harpas e percussoes.
O uso do piano como um instrumento de percussão tem muitos antecedentes. O mais notavel é Bartok, em sua "Sonata para Dois Pianos e Percussão". A comparacao da sonata de Bartok com Sur Incises mostra que o mesmo elã criativo (os arpeggios dos pianos em contraste às percussões) gera resultados bem diversos. Enquanto Bartok estabelece uma linha continua desde o começo da obra, onde o encadeamento dos eventos está a serviço de uma macroconcepção, Boulez parece se divertir em nos confundir. A cada instante, "Sur Incises" nos traz uma surpresa sonora. Um mesmo motivo motivo musical aparece e desaparece, sem outra lógica que não um encadeamento com a ação anterior.
"Un development intérieur dont le parcours n'est pas prévisible". Este ideal de Boulez é plenamente realizado em Sur Incises, onde o cada som decorre naturalmente do som no instante anterior e é ao mesmo tempo inesperado. "Sur Incises" é o coroamento de uma vida de um inventor radical e uma prova que é possível compor musica inovadora e sedutora ao mesmo tempo. Salut, maitre Boulez!
1 Comments:
Gostei do que vc disse na entrevista “O melhor amigo do homem não é o cachorro. É o iPod. O iPod é o cachorro digital”, apesar que eu ainda continuo com o Vinícius e o Uísque ;)
Legal o blog. Precisa atualizar! rs Um monte de gente vai vir aqui através da reportagem...rs...
Música? ummm ontem ouvi isso
http://media.libsyn.com/media/gwerneck/Discofonia_40.mp3 mas vou ficar de olho nas suas dicas ;)
By Anônimo, at 9:30 AM
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