A atualidade de Mahler
A Canção da Terra, Ludwig/Wunderlich/Klemperer (EMI)
A Canção da Terra, Ferrier/Patzak/Walter (Decca)
Porque será que, em nosso século XXI tão desencarnado, a música de Gustav Mahler parece cada vez mais atual? Já se disse que a depressão é a doença deste século. O deprimido (como eu) é simplesmente alguém que parou de ter grandes ilusões. Ao ouvir Beethoven ou Mozart, somos levados a um estado de alegria incontida que momentaneamente nos faz crer num mundo ideal. Ao ouvir Boulez ou Nono, ainda continuamos pensando na música do futuro. Mas ao ouvir Mahler, não há como não enfrentar a si mesmo. Principalmente em sua fase final, com as sinfonias 6a., 7a., e 9a., Malher nos obriga a refletir. Não parece haver escape da realidade. Somos levados ao ponto zero, de onde teremos de sair sozinhos. Não há como ficar indiferente.
E o que dizer desta "Canção da Terra"? Canto de despedida que confia na força renovadora da humanidade. Após o "Erwig..." (eternamente) final, percebemos como Mahler é atual. Ao fazer de um tremendo desespero pessoal uma mensagem de renovação, Mahler desnuda o ouvinte, e o faz mais consciente ainda que cada um de nós pode, à sua maneira, escapar da depressão do cotidiano. A consciência do efêmero é a única forma de sobreviver no século 21 e manter a sanidade.
As duas gravações de referência (Walter e Klemperer) são de deixar qualquer mortal aliviado de tanta dor. Não há sentido falar em "melhor" neste caso. A cada dia, uma delas é mais adequada. Hoje, foi estonteante ouvir Christa Ludwig na leitura de Klemperer. Quem sabe outro dia não conseguirei nem passar da primeira música (o que ja me aconteceu muito). Mas é por isto que Mahler é atual....
A Canção da Terra, Ferrier/Patzak/Walter (Decca)
Porque será que, em nosso século XXI tão desencarnado, a música de Gustav Mahler parece cada vez mais atual? Já se disse que a depressão é a doença deste século. O deprimido (como eu) é simplesmente alguém que parou de ter grandes ilusões. Ao ouvir Beethoven ou Mozart, somos levados a um estado de alegria incontida que momentaneamente nos faz crer num mundo ideal. Ao ouvir Boulez ou Nono, ainda continuamos pensando na música do futuro. Mas ao ouvir Mahler, não há como não enfrentar a si mesmo. Principalmente em sua fase final, com as sinfonias 6a., 7a., e 9a., Malher nos obriga a refletir. Não parece haver escape da realidade. Somos levados ao ponto zero, de onde teremos de sair sozinhos. Não há como ficar indiferente.
E o que dizer desta "Canção da Terra"? Canto de despedida que confia na força renovadora da humanidade. Após o "Erwig..." (eternamente) final, percebemos como Mahler é atual. Ao fazer de um tremendo desespero pessoal uma mensagem de renovação, Mahler desnuda o ouvinte, e o faz mais consciente ainda que cada um de nós pode, à sua maneira, escapar da depressão do cotidiano. A consciência do efêmero é a única forma de sobreviver no século 21 e manter a sanidade.
As duas gravações de referência (Walter e Klemperer) são de deixar qualquer mortal aliviado de tanta dor. Não há sentido falar em "melhor" neste caso. A cada dia, uma delas é mais adequada. Hoje, foi estonteante ouvir Christa Ludwig na leitura de Klemperer. Quem sabe outro dia não conseguirei nem passar da primeira música (o que ja me aconteceu muito). Mas é por isto que Mahler é atual....
2 Comments:
Adorei sua reflexão sobre Mahler, adoro o trabalho dele, em especial a oitava sinfonia, q por sinal será apresentada pelo Karabtchevsky no proximo domingo na praia de copacabana... imperdível
bjs
By Anônimo, at 10:01 AM
prezado prof. gilberto
aceite meus parabens por suas palavras sobre mahler! sou apaixonado pelo compositor e concordo absolutamente com o que o sr. diz; a proposito...o sr ja ouviu a noite transfigurada com a berliner philharmoniker sob karajan? ouça-a! e uma experiencia incrivel
By Anônimo, at 3:44 PM
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