Xenakis: Pode a música estocástica soar agradável aos ouvidos?
A música de Iannis Xenakis é única. Com uma formação básica em matemática, ele desenvolveu teorias sobre como aplicar métodos estocásticos na composição musical. Pléïades é uma composição para instrumentos de percussão onde Xenakis aplicou suas teorias com resultados supreendentes. Ele descreve a peça: "A única fonte para esta composição poliritmica é a idéia de periodicidade, repetição, duplicação, em cópias fiéis, pseudo-fiéis, infiéis...". A concepção de Xenakis é inusitada, mas "Pleiades" é uma peça maravilhosa que pode ser apreciada mesmo sem a percepção consciente das "nuvens, nebulosas e galáxias de batidas fragmentadas organizadas pelo ritmo (Xenakis)".
Consciente da demanda em seus ouvintes, Xenakis arquitetou a peça em quatro partes: Metaux (for metais), Claviers (percussões de teclado), Peaux (tambores) e Melanges (misture). Cada parte engendra seu próprio mundo sonoro, mais orientado a timbres que a pulsos. Em Metaux, o timbre de cada instrumento é diferenciado por diferentes ritmos. Em Claviers, os instrumentos de teclado produzem sons líricos em ondas. Em Peaux, os tambores sustentam ritmos inusitados, bem diferentes de pulsações fixas típicas de tambores africanos. Mélanges, a parte final, mistura todos estes sons numa cornucópia sonora. Xenakis segue cada batida ritmica por uma batida ligeiramente diferente em duração e timbre. Isto cria uma impressão mais próxima de uma fuga para seis percussões do que uma versão européia de tambores africanos. As mudanças constantes de timbre acontecem de forma controlada, dada a concepção de "clusters de sons". A peça é ao mesmo tempo desafiadora e agradável ao ouvido, e ouvir "Pleiades" é descobrir novos horizontes musicais.